16 março 2011

Amor e sexo... E esteriótipos

Até que ponto os meios de comunicação podem influenciar numa sociedade totalmente desorientada?

Ontem a noite estava com minha família assistindo ao desinibido programa Amor e Sexo comandando por Fernanda Lima, na Rede Globo,. Tenho certeza que o que chamou a atenção de todos que estavam de frente para a telinha da sala sentados no grande sofá de almofadas cor de abóbora foi uma competição que se intitulava “Gayme”, onde três jovens gays participavam de disputas com o objetivo de ganhar uma viagem num super cruzeiro marítimo com direito a acompanhante. A princípio fora até interessante acompanhar a brincadeira que incluía perguntas e respostas sobre a cultura gay no Brasil e provas como dançar numa pista de dança etc. Tudo era julgado por três conceituadas celebridades: A divertidíssima Susana Vieira, a deslumbrante Paula Burlamaqui e a extravagante transexual Rogéria. Entre uma prova e outra fiz uma análise profunda do que estava sendo veiculado em rede nacional e percebi que alguma coisa estava fora dos eixos. Fiquei na minha, quieto, calado... Tudo para evitar o atrito familiar. Entretanto ouvi minha tia dizer: “Acho interessante este programa dar a oportunidade aos gays aparecerem em quadros voltados para eles”. Respondi: “É tia, pois é!” Não concordei com a afirmativa da minha digníssima titia do coração. Mas não era hora de eu por em prática a análise de todo aquele discurso hipócrita e preconceituoso que estava sendo passado na telinha da super emissora. Sem dúvidas eu estragaria o final de noite da minha linda família, que na naquele momento, como muitas outras no Brasil, achava tudo aquilo ali hilário, moderno e descolado. Tudo “maquiado”, diria. Mas agora estou na construção de um texto crítico, e vou usar a argumentação necessária para provar a você, leitor, que todo aquele “Gayme” estava transbordando de um forte mal social.
Quem assistiu ao programa vai lembrar do último quadro da disputa que era da seguinte maneira: Os participantes, trajados de terno e gravata e com uma pasta tipo executivo em mãos deveriam percorrer uma casa cenográfica fazendo tudo aquilo que “homens de verdade” fazem no dia-a-dia, como por um prego na parede, trocar uma lâmpada, matar uma barata etc. A principio isso parece algo inocente e divertido que mantém milhares de espectadores distraídos e entretidos. Mas, garanto para você que não. Já ouviu falar em criar estereótipos? Não? Então a dica é: Antes de continuar essa leitura online, abra uma nova aba e procure no famoso site de busca por essa palavrinha. Achou? Que bom! Agora compare a minha definição: Toda a imagem pré-concebida que é divulgada através de um meio de comunicação sobre determinada pessoa ou grupo social ou até mesmo de uma situação ocorrida e que é alcançada e absorvida pelo público, ganha-se o nome de estereotipo. É o que antecede o preconceito através de fortes e disfarçadas manipulações. Na sociedade brasileira, alguns exemplos de esteriótipos são: “toda loira é burra”, “todo morador de favela é bandido”, “todo policial é corrupto”, "todos os americanos são arrogantes", "todos os ingleses são frios", "todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são metidos", todos os gaúchos são gays e “todos os gays tem comportamentos femininos”. Tudo isso criado pela mídia por meio de músicas, novelas, seriados, programas de humor e  de auditório que falam sobre sexo altas horas da noite. Tudo é absorvido pela massa de uma maneira que parece inofensiva, porém totalmente maquiada que, consequentemente, gera o preconceito.

É lamentável, mas em pleno século XXI numa era totalmente pós-modernizada, famílias brasileiras ainda seguem padrões equivocados de uma sociedade totalmente desorientada. E os meios de comunicação mal intencionados pintam e bordam com tal fato verídico. É lamentável também saber que ainda é grande o número de pessoas que absorvem com facilidade tudo o que se passa na telinha da TV sem antes fazer uma análise de todo aquele discurso. Sem antes relativizar os fatos. É lamentável saber que a alienação humana é explorada pelos meios de comunicação.

E assim vamos vivendo com muito amor, sexo e preconceito.

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