03 março 2011

Felicidade


Em sua caminhada pelas ruas geladas de inverno, Saulo se deu por vencido ao frio. Entrou numa loja e comprou um simples casaco, porém quente e confortável. Assim, sentiu-se um pouco mais aquecido. Só um pouco.


Ao dar continuidade a sua caminhada sem rumo naquela noite fria do Centro de São Paulo, ele percebeu que tudo lhe trazia lembranças de quando mais jovem, morando com seus pais numa cidadezinha do interior. Nessa época, seu desejo era viver o que via na televisão: bom trabalho e estudo, lazer e entretenimento e algumas outras coisas. Pensava que uma mudança radical em sua vida, como ir para urbanização e deixar para trás sua família e amigos, seria a melhor solução para a monotonia.


Saulo vagava de um canto a outro naquela noite fria, com frio, sozinho e mais ou menos arrependido. Até que lágrimas apareceram nos seus olhos, o que o fez voltar ao seu pequeno apartamento, próximo ao metrô de uma rua bem movimentada. Precisava dormir. Estava sem sono. Mas precisava dormir. Estaria às oito da manhã de volta ao serviço.


Ao deitar, ficou pensando sobre sua vida. De um pensamento a outro, chegou a conclusão de que a felicidade é vivida a todo tempo por nós, porém não a percebemos. Não a enxergamos. Insistimos em pensar que ela é tida de uma outra maneira. Sempre inventada por nós. Entretanto, para Saulo chegar a essa descoberta, foi necessário arriscar. Pois, do contrário, ele continuaria lá, na casa de seus pais, arrependido de não ter ido morar na cidade grande, sozinho. Para ele isso era sinônimo de felicidade.


Por Rafazildo 
Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

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2 comentários:

Wellington L. disse...

Isso me fez refletir, rsrs

Unknown disse...

pOST PERFEITO,,, MUITO BOM MESMO